quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Caos, o Acaso e o Destino - Parte 1

Nesse exato momento, você está sentado em frente ao computador começando a ler as besteiras que eu escrevo.
Tem sua vida, seu emprego ou sua ocupação, sua família, amigos, cônjuge, etc...  Ou seja, tem sua vida.
Mas o fato que talvez você ignore é que para chegar até então, milhares ou até mesmo milhões de fatores se completaram para que esse momento existisse.

Um pequeno exemplo pessoal:

Há 14 anos atrás, tentei morar em Juiz de Fora. Depois de tudo acertado, e na última hora, a dona do apartamento desistiu de me alugar. Desanimado, voltei pra Frontin e comecei a trabalhar na Overflow Informática.
Lá conheci a Raquel, hoje minha esposa, comecei a namorar e nesse tempo ela me incentivou a fazer o concurso pro Banco, no qual passei e estou até hoje.
Mas e se a dona do apartamento não tivesse mudado de idéia no último instante?
Esse pequeno fato, quem nem mesmo dependeu da minha vontade, mudaria completamente o rumo da minha vida.
Vamos um pouco mais além: Imagine o dia em que seus pais se conheceram.
Vamos supor que tivesse caído uma forte chuva e um deles desistiu de sair de casa.
Talvez, você não estivesse lendo esse texto agora, pois nem mesmo existiria. E somente por causa de mais uma chuva, ou pelo simples desânimo de um deles pra sair de casa.
Você tem uma viagem marcada mas quando acorda demora 3 minutos procurando seus sapatos. Por conta disso perde o ônibus que o levaria ao aeroporto e perde seu vôo. 
Horas depois você descobre que o avião caiu e não há sobreviventes. Você foi salvo simplesmente porque não guardou seu sapato na noite anterior. 
Fugindo só um pouco do aspecto pessoal, no âmbito geral essa teoria (conhecida como a teoria do caos) se aplica de forma muito mais acentuada.
Na manhã de 7 de Dezembro de 1941 houve o ataque japonês a Pearl Harbor, praticamente obrigando os EUA a entrarem na Segunda Grande Guerra. E os americanos foram fundamentais para que os aliados vencessem. (Tendo no meio dessa história a criação da bomba atômica, em uma corrida que os EUA venceram contra o Hitler.)
Caso o general japonês houvesse desistido da idéia, (por uma série de fatores), hoje esse texto poderia estar em alemão.  E o dono do Blog não poderia lê-lo, pois em nada se assemelha a raça ariana.
E o restante das conseqüências então,  são inimagináveis.

Quem assistiu o filme "OS SETE DIAS QUE MUDARAM O MUNDO",  se lembra o quanto faltou para que todos fossemos dizimados. E por um conjunto de fatores alheios a nossa vontade, o nosso planeta ainda é habitado.

Outro filme que ilustra muito bem o tema é "Efeito Borboleta", cujo nome é um termo ao que se referem algumas condições dentro da teoria do caos.

Pois bem, assusta imaginar o quanto somos pequenos perto do acaso. Essa palavra que não se dá a importância devida, move e influencia tudo o que existe.

E esse é apenas um dos fatores que fazem nossa existência. Pois podemos dizer que ela em nada, ou quase nada, muda nosso caráter ou nossa personalidade.

Podemos dizer que pelo menos isso (nossa personalidade) nós temos o controle, certo?

Errado.

Existem outra série de fatores que nos faz ser quem somos.

Pra começar, o ambiente onde a criança ainda vai nascer é determinante para alguns traços de sua personalidade.

Uma criança cujo os pais vivem na violência da favela, possivelmente herdará stress ou algum medo específico.

Não é um palpite meu, esse estudo começou a ser feito em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias em Israel.

Uma Universidade Americana constatou que os filhos das mulheres que viveram nessa época, tiveram um alto índice de esquizofrenia. 4 vezes mais do que as que não viveram perto do conflito.

Outro estudo ainda mais curioso, foi o de uma cidade Sueca chamada Överkalix que viveu grandes períodos de escassez de alimentos. Devido a troca forçada de alimentação, seus habitantes curiosamente passaram a viver mais. E isso se estendeu mesmo as futuras gerações que não mantiveram os mesmos hábitos alimentares.

A Índia e a China convivem hoje com uma epidemia de obesidade, mesmo tendo uma alimentação mais saudável do que a nossa. O motivo é que há algumas décadas eram países pobres e as grávidas tinham uma alimentação precária.

Então, os fetos estão sendo programados dentro do útero para extraírem o máximo de alimento e energia que puderem.  E isso continua 30, 40 ou 50 anos depois.

É um indício do ambiente alterando os genes. - lembra-se de Darwin?

Outro fator é a própria genética, aquela que herdamos sem influência do ambiente.

Uma pesquisa feita no Canadá, constatou que a influência sexual pode ser definida ainda no útero. 

Os filhos mais novos tem mais tendência a homossexualidade porque os anticorpos das mães atacam as proteínas produzidas pelo sexo masculino. Nada acontece com o primeiro bebê, mas com o segundo, as defesas da mãe estão mais fortes e tem muito mais sucesso.
Acredita-se nessa pesquisa que 15% a 20% dos homossexuais já são definidos antes mesmo de nascer. 

Essa pesquisa está publicada na Super Interessante desse mês.

Outra pesquisa publicada na revista, diz respeito aos gêmeos.

Conta a história de dois irmãos que separados no nascimento, sem nenhum contato posterior, se encontraram na vida adulta aos 39 anos e descobriram que ambos se casaram com mulheres chamadas Linda, divorciaram-se, casaram com uma mulher chamada Betty, colocaram os mesmos nomes nos dois filhos, no cachorro, e tinham gostos pessoais quase idênticos.

Ou seja, é impossível precisar o quanto a genética afetou a personalidade de ambos, mas fica claro que não foi pouco. 

E daí?
Você pode perguntar querendo saber onde quero chegar com tudo isso.
Em uma simples constatação: 

Você pode ser muito inteligente, rico,  ter beleza e a vida que pediu a Deus.
Mas a única coisa que o diferencia de um desafortunado nessa vida, é o acaso.
Ou no mínimo, a genética.



Em tempo, as teorias foram citadas no auge de sua simplicidade. A do caos por exemplo foi somente adaptada ao texto, sendo ela muito mais complexa do que esse pobre autor pode no momento compreender.
Sobre Genética então....

Fontes de pesquisa:

Revista Super Interessante - Janeiro de 2011



O Filme Ponto de Mutação:
http://video.google.com.br/videoplay?docid=854094769667634943&hl=pt-BR#      
(Não precisa baixar)




12 comentários:

  1. Paulo Cesar,

    Como você foi feliz em suas colocações, estava refletindo sobre o texto, e pensando como a vida da gente é formada de acasos, como realmente somos pequenos perante esse evento da vida, quantas vezes temos que nos reiventar por conta dos acasos. O quanto nosso meio foi influenciado pelo acaso.

    ResponderExcluir
  2. Pois é. O assunto é polêmico justamente porque nos tira algo que tanto prezamos. O controle sobre nossas vidas.

    ResponderExcluir
  3. Tudo isso é a mão de Deus sobre nossas vidas, nada acontece por acaso, tudo é na hora, no momento e no dia determinado por ELE, Se não conseguiu realizar o que queria, era porque não estva no momento determinado por Deus.

    ResponderExcluir
  4. É possivel acreditar nessa linha que realmente, não possuímos o controle sobre nossas vidas. Mas acredito que os fatos e acontecimentos em nossa vida sempre são frutos de uma escolha passada, como o diz o ditado " Só colhemos, o que plantamos." MAs o que faz nossa vida fascinante é a complexidade e amplitude dos fatos e acontecientos, que juntos constroem nossa história.

    ResponderExcluir
  5. Seu Blog me deixou com uma vontade tremenda de tomar uma breja geladona! =D

    ResponderExcluir
  6. O butequim virtual, está aí para que possa beber sua breja e aproveitar suas postagens de forma descontraída. Espere que goste.

    ResponderExcluir
  7. aqui querido *-*

    http://diaryoofateenage.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  8. Júnior, na mesma matéria da Revista Super Interessante fiquei chocado com a relação entre a teoria da relatividade e o destino. Simplificando e usando algumas palavras da revista: O nosso futuro e passado já está todo formado, como num filme, o que nos dá a noção de presente é simplesmente o ponto de vista que olhamos, se fosse possível observarmos nossa vida nesse exato momento de uma galáxia distante estaríamos vendo o nosso futuro. Incrível como, pegando o ponto de vista da Zuleika, isso pode explicar inclusive a onisciência de Deus, uma vez que Ele é também é onipresente pode olhar esse "filme" no ponto onde quiser.... Incrível como podemos achar vários pontos de contato entre ciência e religião.

    ResponderExcluir
  9. Verdade. Certa vez li uma reportagem onde dizia que quanto mais os cientistas avançam em suas descobertas, menos céticos eles ficam quanto a existência de Deus.
    O livro "Quem somos nós" é o melhor que li sobre esse assunto.
    Ele trata da relação entre espiritualidade, física moderna e física quântica. Quebra vários paradigmas e abre novas formas de pensamento.

    ResponderExcluir
  10. Exelente post! É realmente impressionante o quanto estamos a merce do acaso. Um caso semelhante ao seu aconteceu comigo. Há 5 anos atrás estava eu todo contente em meu primeiro emprego em uma cidade distante da minha, numa certa noite acabei entrando em uma briga sem querer e tive que pedir demissão e voltar pra casa. Um mês depois me ligaram me oferecendo um emprego melhor no mesmo lugar, mas desta vez para morar em uma cidade vizinha. E foi nessa cidade vizinha que eu conheci uma garota quase que por acaso também, e hoje somos casados a quatro anos. E na noite da confusão eu resovesse ficar em casa? Certamente nunca teria conhecido minha esposa.
    No mais, exelente post! Fico no aguardo da segunda parte!

    ResponderExcluir
  11. Luis, é incrivel mesmo a quantidade de acasos em nossas vidas, e o mais impressionante é como ainda somos dominados por alguns paradigmas, o quanto estamos atrelados a pensamentos que definem nossa existencia em uma pequena dose métodos. Quando na verdade estamos expostos aos acasos da vida.

    ResponderExcluir
  12. PC, acabei de ler seu comentário na Penseira e vim aqui ler teu trabalho. Muito bom, de blogueiro pra blogueiro, você é um dos que sabe escrever e construir um texto.
    E é verdade, nossos textos dialogam bem sobre o acaso.

    ResponderExcluir