sábado, 16 de outubro de 2010

O Intelectual e o Humanitário. (Versão sem cortes)

No inicio da década de 90 o Brasil mergulhava em uma crise que parecia eterna.
Em 1993 a inflação anual chegou ao recorde de 2.708,02% a.a, com uma taxa de desemprego de 5.3% a.m.
Consigo lembrar que o Nagato, assim como vários outros supermercados, tinham funcionários cuja função era só a remarcação de preços que subiam dia a dia.
Envolvidos em escândalos da era Collor, com uma economia decadente, confisco de poupanças e a miséria batendo recordes o País caminhava rumo ao abismo econômico e social.
Em 1995 com a posse do então Presidente Fernando Henrique o País pode respirar.
FHC foi responsável pela implantação do Plano Real que reduziu a inflação logo no primeiro ano para 14.8% a.a, tendo sido essa a pré-condição para chegarmos a estabilização da economia.
Trabalhou também a abertura do País para o mercado externo (iniciado no Governo Collor) que possibilitou a concorrência dos produtos estrangeiros com os nacionais, forçando os nossos produtores a abaixarem os preços e conseqüentemente fortaleceu a economia fazendo os brasileiros ganharem poder aquisitivo.
Por outro lado, a balança comercial (que é a diferença entre o que sai - exportações - e o que entra - importações - no País), não nos favorecia.
Com o enfraquecimento das indústrias nacionais frente aos importados, o Brasil comprava muito mais do que vendia, o que conseqüentemente enfraquecia o mercado interno e favorecia o desemprego.
Outro ponto chave do governo FHC foram as privatizações. Com a intenção de atrair o investidor estrangeiro, o governo do PSDB vendeu empresas como a CSN, Vale, Telebrás, Eletropaulo, etc...
E se por um lado melhorou a qualidade de alguns serviços, como a telefonia por exemplo, por outro foi questionado sobre o motivo de vender empresas que geravam grandes lucros, como a Vale e a CSN.
Enquanto isso os investidores estrangeiros procuraram manter seus fornecedores habituais aumentando as importações, além de enviar seus lucros para fora do país o que aumentou o déficit comercial.
Outro fator importante, foi como se deram as privatizações. E esse fator beira ao ridículo.
Grandes companhias nacionais foram vendidas para empresas estrangeiras com dinheiro emprestado pelo BNDES, com juros baixíssimos e prazos imensos. A Eletropaulo, por exemplo, foi 100% financiada pelo BNDES e nem mesmo a primeira parcela do empréstimo foi paga em dia.
Um crime contra o patrimônio nacional.
Outra marca do governo FHC foi o aumento de terceirizados na máquina pública.
Com a intenção de melhorar a qualidade dos serviços públicos, deixou o funcionalismo na mão, com alguns setores como o do ensino, 8 anos sem aumento.
O governo do Fernando Henrique terminou em 2003 com a grande vantagem da estabilização da economia, com a inflação controlada, abertura do mercado externo, melhoramento de alguns serviços essenciais. Mas também com um grande desequilíbrio na balança comercial sempre deficitário , sucateamento da máquina pública, privatizações mal feitas e esquemas de corrupção. Sendo que nessa última, com sua maioria no congresso, conseguiu derrubar qualquer tentativa de CPI.
Mas estava feito o alicerce para o próximo governo.
Em 2003 deu início ao Governo Lula.
Uma característica importante do seu governo foi iniciá-lo dando seqüência ao governo do FHC, sem mudanças bruscas. Isso manteve a confiança do investidor estrangeiro.
O PT apostou em políticas sociais para estimular a economia e fortalecer o mercado interno e se deu bem. Também apostou na diversificação nas exportações, fortalecendo a indústria nacional.
Em 2003 o Brasil deu um salto no gráfico da balança comercial, alcançando um superávit de U$ 24,82 bilhões e chegando ao recorde em 2004 com novo superávit de U$ 33,7 bilhões.
Outras ações do governo que deram bons resultados foram:
- Aumento de 155% do salário mínimo no período de 8 anos (continuando pouco, mas com aumento bem acima da inflação).
- Pagamento da dívida com o FMI adquirida durante o governo FHC.
- O desemprego passou de 12% em 2003 para 6,7% em 2010.
- Diminuição da taxa de juros.
- Fortalecimento do poder público, diminuindo as terceirizações e aumentando cargos em concursos.
Por outro lado, tivemos aumento da carga tributária, aumento da dívida externa, a não resolução a contento dos problemas de saúde e segurança que se mantiveram dos governos passados.
A grande crise do governo Lula foi o esquema criado por alguns integrantes do PT para se perpetuar no poder. Diferente dos escândalos do governo FHC, no de Lula, tudo veio a tona e deixou uma mancha no partido que mais pregava a moralidade.
Lula também se deu melhor com as crises internacionais. Diminuindo e eliminando temporariamente alguns impostos, fortaleceu a economia transformando a grande crise internacional em uma "marolinha" como tinha previsto.
Mas entre os vários erros e acertos dos dois governos, Lula tem um grande diferencial.
Os programas sociais.
"Nunca antes na história desse país" tivemos tantos avanços no combate a desigualdade social.
Fatos comprovados com números, em seu governo 12,8 milhões de brasileiros saíram da miséria que recuou 49.8% em 8 anos.
Programas como a bolsa família, fome zero e o primeiro emprego foram essenciais para devolver um pouco de dignidade a milhões de brasileiros.
A mortalidade infantil caiu para 26/1000 ante os 29,6 do governo anterior.
Pesquisas realizadas pelo IPEA garantem que a se manter esse ritmo o Brasil pode eliminar a miséria até 2016.
Os programas sociais usados na educação, como o ProUni que ofereceu 112 mil bolsas de estudo e o FUNDEB que ajudou a diminuir a parcela da população que não frequenta a escola de 29% para 18% em 36 meses, atendem mais de 47 milhões de brasileiros, dando chances iguais para todos.
Como dizem, o Presidente Professor não contruiu NENHUMA universidade em 8 anos de governo, o Presidente "Analfabeto" criou 14.
Concluindo, apesar de estarmos longe do padrão que merecemos, é inegável o avanço que obtivemos desde 1995.
Com o presidente intelectual e o presidente humanitário o Brasil deu sim, um grande salto em seu desenvolvimento.
Seria ingenuidade de nossa parte achar que todos os nossos problemas poderiam ser resolvidos em 16 anos, mas o caminho está aberto.
Também é ingênuo pensar que se pode governar nesse país sem sofrer com a corrupção ou ter que se sujeitar a alianças escusas. E ambos os partidos aprenderam isso.
Talvez, não houvesse o mito Lula se FHC não tivesse dado o passo inicial, assim como não teria tido continuidade o programa do PSDB se Lula não corrigisse os erros imperdoáveis de FHC.
Na humilde opinião desse que vos escreve, FHC foi responsável pelos primeiros passos criando o alicerce que manteve a economia nos trilhos, e só.
Mas é Luiz Inácio que graças aos seus grandes acertos que será lembrado daqui há algumas gerações como um dos (senão o) maior presidente que este País já teve.
Pois, Lula mais do que governar, salvou vidas.
Não dezenas ou centenas, mas milhares de crianças tiveram o que comer e a oportunidade de estudar graças ao esforço desse presidente.
Sua história e seus atos inspiram e dão esperança em um mundo melhor, e fazem jus ao merecimento e a continuação desse projeto.

PS. Esse texto reflete apenas a opinião do autor e isenta o Blog de qualquer posição em relação ao tema.

5 comentários:

  1. Perfeito,

    Paulo Cesar, vc sintetizou tudo o que esta sendo colocado, em virtude do período eleitoral. Mas não temos como deixar de analisar e confrontar as propostas de governo de ambas as siglas, ver o modelo de gerenciamento de ambas. Estamos muito perto do processo eleitoral, não podemos deixar de pensar de como queremos ver o país daqui 04 anos, ja tivemos a experiência de ambos governos, para balizar nossa escolha.

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  2. O grande problema é parte do povo que escolhe seu maior representante acreditando em boatos, e-mails falsos e guerras religiosas.
    No dia em que acreditar nisso pra escolher um candidato, eu rasgo meus diplomas e volto pro Jardim da Infância, pois minha burrice não vai ter mais salvação.

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  3. Não podemos esquecer da Petrobras,que junto com o governo ajudou a expansão da indústria naval, gerando empregos, utilizando tecnologia brasileira, evitando assim as importações de plataformas.
    Sem contar que atualmente é maior empresa do Brasil e 8ª do mundo em valor de mercado.

    Agora fica uma dúvida:
    -Será que a Dilma dará continuidade ao governo?

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  4. Excelente texto, críticas construtivas e elogios pertinentes. Os "marketeiros" das campanhas deveriam ler.
    Quanto aos boatos, são criados pelos mesmos que diziam que o Lula era analfabeto, não tinha condição de negociar com os estadistas estrangeiros. Fazer o que, cada um acredita no que quizer. Mas contra fatos não há argumentos. Lula é hoje o presidente mais admirado e repeitado internacionalmente e tem mais de 85% de aprovação em seu país.

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  5. "Agora fica uma dúvida:
    -Será que a Dilma dará continuidade ao governo?"

    Boa pergunta! A tendência é que a resposta seja SIM.

    Só sei que o Serra não dará.

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